sábado, 15 de novembro de 2008

Concreto não.

Exposição de 100 anos da utilização do concreto armado no Brasil, inventada pelo fotógrafo ítalo-brasileiro (não me peçam maiores explicações) Lamberto Scipioni no MASP. Pode parecer bobagem, mas este material, a porra do concreto, determinou a estética modernista na arquitetura brasileira. Sem essa gosma, feita de massa forte de cimento e pedra, o graande venerável Oscar Niemeyer não teria conseguido projetar nem as paredes do puxadinho da sua casa. O Oscar é a gênese da arquitetura brasileira modernista relevante. Dele saíram todas as vastas, duvidosas, competentes e inatacáveis obras de seus discípulos, como Ruy Ohtake e quejandos. O concreto, como legisla essa turma, era o único material da época capaz de conferir linhas curvas aos projetos ousados, estética e funcionalmente "imprescindíveis", feitos por estes beneméritos da exportável arquitetura modernista tupiniquim. Brasília seria um sonho frustrado sem esse material. Pode parecer um pretexto, mas realmente "aquela curva aberta, aquela coisa certa", como disse o dançado Caetano Veloso, seriam impossíveis sem o concreto armado. Ocorre que, por trás dessa desculpa, existiam, claaaro, interesses comerciais e pessoais. Esses caras tinham uma ilusão concreta (tá bom, trocadilho) que o concreto era um material mais perene (se é que é possível medir a perenidade) que os outros, obsoletos e, portanto, desprezíveis. Alvenaria, por exemplo, era coisa de engenheiros toscos, fora de seu momento histórico. Essas obras, de imensa importância para o terceiro mundo, teriam que ser feitas de algo mais concreto (porra, não consigo!) que o velho tijolo "de antigamente". Os interesses comerciais, estes, nem precisam ser comentados.
Concreto armado é um material caríssimo, inventado, originalmente, para segurar estruturas, lages, por exemplo. No Brasil, país do futuro, fonte de riquezas ocultas que um dia a fortuna haverá de contemplar, podemos nos dar ao luxo de fazer prédios inteiros deste material, que tudo bem. Defronte a eles, os pobres pedem. Pedem por algo mais concreto.

3 comentários:

Sarra, o Coisa Ruim. disse...

Esse tal Niemayer é o mesmo que não quis assinar um manifesto contra o fuzilamento de 3 cubanos acusados de agir contra o regime? Se não me engano tinha um tal de Buarque no meio também.

Maurílio, o desterrado. disse...

O Oscar foi filiado ao PCB a vida inteira. Também caguei pra aquele manifesto, na época. Os caras tavam conspirando contra o governo e Cuba tem suas leis. Quando enforcaram o Sadam Hussein ninguém falou nada.

Anônimo disse...

Que tal enforcarem o Fidel só pra empatar? Pode ir junto o Bush, o Silvio, o Faustão...